terça-feira, outubro 13, 2009

Fim do recesso e thrillers de 2009


Nosso recesso está chegando ao fim e o Textos & Thrillers já se prepara para o fim do ano, que vamos celebrar falando de alguns lançamentos "quentes" de 2009. Alguns livros já estão nas livrarias e outros estão para sair. Acima as capas de alguns deles. Todos thrillers e dos bons.

Mudamos a nossa metodologia de avaliação e, em breve, os leitores do Ts&Ts - que continuam nos visitando, numa quantidade crescente - poderão contar novamente com o blog para escolher suas leituras. Obrigada pela paciência em nos esperar, pela fidelidade e pela confiança.

Saudações da Flavia Andrade e da comunidade do Ts&Ts

segunda-feira, junho 29, 2009

Recesso de inverno

Todo os anos, nos meses de julho, por causa das férias escolares, acabamos viajando com nossos filhos, netos, cachorros, gatos, periquitos, etc para algum lugar fora da cidade. Uns preferem o litoral, outros, a montanha, e alguns, mais abonados, vão para o exterior, mesmo com gripe suína, risco de deportação, e tudo o mais. Mas este período também vai servir para a gente repensar o modelo do TEXTOS & THRILLERS, que acaba de completar um ano no ar. Dois motivos levaram a isso. O primeiro, é que o grupo de leitura tem se reunido menos do que deveria. O segundo, é que os membros têm escolhido thrillers diferentes para ler e, na hora de debater qual livro vai ser colocado no ar, não há comentadores suficientes para ele (vocês devem ter notado que as últimas postagens vieram com apenas três comentários cada, em vez dos tradicionais quatro).

O que fazer numa situação dessas? É claro que o blog não vai acabar. Mas precisamos bolar outras maneiras de tocá-lo pra frente. Senão não vamos conseguir dar conta de todos os livros que já lemos e que ainda não comentamos aqui.

Por isso, vamos aproveitar esses próximos três meses para preparar o TEXTOS & THRILLERS para a sua nova fase. Esperamos estar de volta até o fim de outubro de 2009.


Até lá, vocês podem se distrair relendo tudo o que já saiu no Ts&Ts. Uma sugestão são as entrevistas deste mês de junho. Vejam:

* IVAN SANT'ANNA, autor de Os mercadores da noite e de Rapina
* LUIS EDUARDO MATTA, autor de 120 horas e de Ira implacável - Indícios de uma conspiração
* JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS, autor de O Códex 632 e de A fórmula de Deus
* PEDRO DRUMMOND
, autor de Lemniscata - O enigma do Rio


Outra sugestão são as crônicas sobre personagens memoráveis de thrillers, publicadas no final de 2008, e que foram, até agora, as postagens campeãs de audiência do blog:

* ROBERT LANGDON, do thriller ANJOS E DEMÔNIOS, de Dan Brown
* VITO CORLEONE, do thriller O PODEROSO CHEFÃO, de Mario Puzo
* MARIE-CÉCILE DE l´ORADORE, do thriller LABIRINTO, de Kate Mosse
* EVELYN WAKIM, do thriller 120 HORAS, de Luis Eduardo Matta
* ALEC LEAMAS, do thriller O ESPIÃO QUE SAIU DO FRIO
, de John Le Carré


Saudações da Flavia Andrade e de toda a comunidade do Ts&Ts

segunda-feira, junho 22, 2009

Textos & Thrillers entrevista PEDRO DRUMMOND

Flavia Andrade

Além de escritor, Pedro Drummond é engenheiro eletrônico especializado em sistemas de segurança, tem experiência em pilotagem e mergulho e foi bicampeão brasileiro de pára-quedismo. A união de todas essas atividades deu origem ao enredo do seu thriller de estréia, LEMNISCATA – O ENIGMA DO RIO, lançado no final de 2007 pelo selo Suma de Letras, da Editora Objetiva.

As dificuldades na busca de uma editora para o seu primeiro livro — drama comum de nove entre dez autores iniciantes — estimularam Drummond a criar o portal Mesa do Editor, onde obras inéditas ficam disponíveis online para a análise de editoras interessadas. O portal conta, hoje, com um cadastro de cerca de dez mil autores e mil e quinhentas editoras, entre pequenas, médias e grandes, e, até o momento, já foi responsável pela publicação de mais de 250 obras. (
Entrevista concedida por e-mail, de São Paulo)

Textos & Thrillers – Por que a opção por escrever thrillers?

Pedro Drummond – Eu tinha uma história para contar, e achei que ela seria mais interessante se contada no estilo de um thriller. Comecei a escrever usando o suspense de forma franca, as trocas de cenas, a ação verossímil, tudo com muita pesquisa e recheado de informações interessantes. Gostei do resultado.

Ts&Ts – Como se deu o começo da sua carreira literária?

PD – Como a de muita gente. Redações nas escolas, algum reconhecimento aqui e ali, e a certeza de que um dia escreveria um livro. Comecei a escrever de forma bem despretensiosa, e só contei aos amigos quando tive a certeza de que o terminaria.

Ts&Ts – O thriller não possui tradição na literatura em língua portuguesa e só recentemente escritores brasileiros e portugueses passaram a se dedicar ao gênero. Na sua opinião, o thriller tem chances de se firmar concretamente dentro da literatura em português ou está condenado a ser eternamente visto como uma imitação da literatura anglo-saxã, onde ele é mais forte? Que elementos diferenciariam um thriller americano de um thriller brasileiro, por exemplo?

PD – É um erro rotular o thriller como cópia da literatura produzida neste ou naquele país. Thriller é um gênero, como romance ou terror. Rotular o nosso thriller como "imitação" é o mesmo que dizer que o romance brasileiro é copiado de alguém. Bobagem. Acho, na verdade, que o grande problema do Brasil tem sido a imitação de si mesmo. Veja o cinema, por exemplo, com sua predileção histórica por favelas e caatinga. Nada contra estes temas, mas tudo contra a insistência e a falta de variação. É como se nossos produtores temessem se aventurar em temas onde podem ser mais diretamente comparados à produção mundial. Há, claro, exceções louváveis. O que impede o Brasil de fazer um filme como O Sexto Sentido, por exemplo? Um enredo interessante, surpreendente, sem qualquer exigência de altos orçamentos ou efeitos especiais complicados. O mérito está, essencialmente, no enredo. Então, voltando aos elementos que diferenciam um thriller americano de um brasileiro, digo que não há e nem deve haver esta diferenciação. Devem existir bons enredos, comparados de igual para igual.

Ts&Ts – Qual a sua opinião em relação à idéia de que o thriller seria uma literatura “menor”?

PD – Menor em que sentido? Não é menor em vendas, não é menor em interesse dos leitores, não é menor na capacidade de difundir cultura, não é menor em nada. Aos que defendem apenas a literatura clássica, respondo que menor é a mente mais fechada.

Ts&Ts – Está trabalhando em algum livro novo neste momento? Tem algum lançamento em vista?

PD – Sim, estou; mas ainda não tem título ou data para terminar. Como o Lemniscata, é uma obra interessante e cheia de surpresas. Uma produção que exige trabalho e dedicação, para que a leitura seja fluente e prazerosa.


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Leiam, também, as entrevistas que o Textos & Thrillers fez com os escritores IVAN SANT'ANNA, LUIS EDUARDO MATTA e JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS

segunda-feira, junho 15, 2009

Textos & Thrillers entrevista JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS

Flavia Andrade


Nascido em Moçambique, então colônia de Portugal, em 1964, o português José Rodrigues dos Santos é, além de escritor, professor da Universidade Nova de Lisboa e jornalista, profissão onde é mais conhecido. Trabalhou na BBC, em Londres, colaborou com a CNN, e está, atualmente, na RTP — Rádio e Televisão de Portugal. Cobriu diversos conflitos ao redor do mundo, incluido Timor-Leste, Angola, Bósnia e Iraque e recebeu prêmios importantes na área, como o Contributor Achievement Award, em 2000, pelo conjunto do seu trabalho.

Autor de uma dezena de livros, José Rodrigues dos Santos publicou algumas obras ensaísticas antes de estrear na ficção, em 2002, com o romance A ILHA DAS TREVAS, que relata o drama de uma família timorense no período entre o início da ocupação indonésia no Timor-Leste e a independência do país. Mas seu primeiro thriller, O CÓDEX 632, foi lançado apenas em 2005, atingindo imediato sucesso e notabilizando o seu protagonista, o professor de História Tomás Noronha, como uma espécie de Robert Langdon português. Tomás Noronha protagoniza outros thrillers de Rodrigues dos Santos, como O SÉTIMO SELO e A FÓRMULA DE DEUS, todos publicados, no Brasil, pela Editora Record. (Entrevista concedida por e-mail, de Lisboa)


Textos & Thrillers – Por que a opção por escrever thrillers?

José Rodrigues dos Santos – Gosto da acção e da tensão inerente à escrita e à leitura dos thrillers. No entanto, procuro que os meus thrillers sejam um pouco diferentes dos habituais. Os thrillers são, em geral, puro entretenimento. Mas eu tento que os meus thrillers, para além da parte da tensão, tenham uma parte de conhecimento que seja muito forte. Por exemplo, em O Sétimo Selo procuro, através de uma história de acção, mostrar o que se passa com as alterações climáticas e revelar o problema do fim do petróleo, algo que está a acontecer e que não é noticiado.

Ts&Ts – Como se deu o começo da sua carreira literária?

JRS – Foi por acidente. Um amigo escritor, a quem eu devia um favor, pediu-me para lhe escrever um conto para a sua revista literária. Sem ter como recusar, lá comecei a redigir o conto. O problema é que me entusiasmei e, quando dei por ela, o conto já tinha 200 páginas! Foi o meu primeiro romance. O bichinho da escrita ficou e, às tantas, já estava a escrever um segundo romance.

Ts&Ts – O thriller não possui tradição na literatura em língua portuguesa e só recentemente escritores brasileiros e portugueses passaram a se dedicar ao gênero. Na sua opinião, o thriller tem chances de se firmar concretamente dentro da literatura em português ou está condenado a ser eternamente visto como uma imitação da literatura anglo-saxã, onde ele é mais forte?

JRS – Acho que o thriller se pode afirmar perfeitamente como género lusófono se os escritores de língua portuguesa entenderem bem o seu público e souberem contornar os obstáculos culturais que naturalmente se levantam.

Ts&Ts – Que elementos diferenciariam um thriller americano de um thriller português, por exemplo?

JRS – Não sei se se pode falar no thriller português ou brasileiro como sub-género. No meu caso procuro que a diferença entre os meus thrillers e os outros esteja no valor acrescentado do conhecimento. Já lhe falei em O Sétimo Selo, mas posso-lhe dar o exemplo de um outro romance meu, A Fórmula de Deus. Através de uma história de espionagem que envolve a CIA e o VEVAK, os serviços secretos iranianos, este thriller fala sobre ciência e religião e questiona coisas fundamentais como a possibilidade de provar cientificamente a existência de Deus e explorar a questão do sentido da nossa existência. Os thrillers em geral são passatempo, mas eu procuro que os meus thrillers sejam também ganhatempo - ou seja, esforço-me para que, através de uma história emocionante, os leitores aprendam algo mais sobre si e o mundo que os rodeia.

Ts&Ts – Qual a sua opinião em relação à idéia de que o thriller seria uma literatura “menor”?

JRS – O thriller será género menor se se tornar previsível e não tiver qualidade. Cabe aos seus autores emprestarem-lhe tal qualidade que ele se torne género maior. Mas também é verdade que a maior parte das catalogações tendem a ser preconceituosas e acho que nós não lhes devemos dar demasiada importância.

Ts&Ts – Está trabalhando em algum livro novo neste momento? Tem algum lançamento em vista?

JRS – Tenho, pois. O meu novo thriller vai sair em Outubro em Portugal. No Brasil acabou de sair O Sétimo Selo, lançado pela Record.


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Na próxima segunda-feira, o Textos & Thrillers entrevista
PEDRO DRUMMOND

segunda-feira, junho 08, 2009

Textos & Thrillers entrevista LUIS EDUARDO MATTA

Flavia Andrade


O mais jovem dos nossos entrevistados é também o mais veterano. Luis Eduardo Matta estreou na literatura em 1993, com o thriller CONEXÃO BEIRUTE-TEERAN. Tinha 18 anos na época e, hoje, aos 34, contabiliza seis livros publicados. A partir de 2007, com o lançamento de MORTE NO COLÉGIO, pela consagrada Coleção Vaga-Lume, da Editora Ática, passou a escrever, também, thrillers juvenis.

Durante cinco anos, Matta assinou uma coluna na revista Digestivo Cultural, onde publicou diversos ensaios em que discutiu a formação de leitores no Brasil e chamou a atenção para a escassez de uma literatura de entretenimento brasileira, que ele apelidou de LPB – Literatura Popular Brasileira. Seu thriller 120 HORAS é um dos preferidos dos membros do Textos & Thrillers, e uma das suas personagens, Evelyn Wakim, foi tema
de uma crônica aqui no blog, no final do ano passado, ao lado de personagens célebres de thrillers internacionais como Robert Langdon, Alec Leamas e Don Vito Corleone. (Entrevista concedida por e-mail, do Rio de Janeiro)

Textos & Thrillers – Por que a opção por escrever thrillers?

Luis Eduardo Matta – Desde criança tenho fascínio pela ficção de mistério e de suspense. Foram esses livros que me iniciaram no mundo da literatura. Como leitor, sempre fui bastante eclético, mas não consigo escrever um romance em que o mistério e o suspense não constituam elementos vitais no enredo. Alguns chamariam isso de limitação. Pode até ser verdade, mas eu prefiro chamar de paixão. Tenho paixão por escrever thrillers.

Ts&Ts – Como se deu o começo da sua carreira literária?

LEM – Comecei cedo, aos 17 anos. Eu estava assistindo à reprise de uma entrevista de Jorge Amado e Zélia Gattai no programa do Jô Soares, que tenho gravada até hoje, e a maneira como eles relataram as suas experiências na literatura me contagiou com tal intensidade, que decidi também escrever um livro e, se possível, dedicar minha vida à criação literária. Isso foi em janeiro de 1992. Esse meu primeiro livro, Conexão Beirute-Teeran, que é um thriller, foi publicado no ano seguinte, quando eu estava com 18 anos.

Ts&Ts – O thriller não possui tradição na literatura em língua portuguesa e só recentemente escritores brasileiros e portugueses passaram a se dedicar ao gênero. Na sua opinião, o thriller tem chances de se firmar concretamente dentro da literatura em português ou está condenado a ser eternamente visto como uma imitação da literatura anglo-saxã, onde ele é mais forte?

LEM – Tem muitas chances e isso parece que já está acontecendo. Acredito que não só o mundo lusófono, mas o mundo latino como um todo é capaz de contribuir substancialmente para alargar os horizontes do thriller e lhe dar novas possibilidades dramáticas. O problema é que existe um peso muito grande dessa influência anglo-saxã, que precisa ser diluída e retrabalhada no imaginário dos autores a fim de abrir caminho à criatividade e permitir que se crie um thriller mais desvinculado, com uma fisionomia nova. Não deixa de ser um tipo de experimentação.

Ts&Ts – Que elementos diferenciariam um thriller americano de um thriller brasileiro, por exemplo?

LEM – Essa é uma questão meio complexa. Quando escrevemos um livro, passamos para ele, ainda que não intencionalmente, nossa bagagem cultural, nossa experiência de vida, nossa visão da realidade e da sociedade, nossas paixões... Um autor brasileiro terá, necessariamente, uma formação diferente da de um norte-americano, a começar pelo idioma e pelo modo como cada qual interage com seus conterrâneos e com resto do mundo. Ao mesmo tempo, devemos considerar as diferenças individuais existentes entre os autores. Cada autor tem um itinerário existencial único e isso tende a se refletir no seu trabalho. Por isso não dá para fazer uma comparação genérica. É preciso avaliar livro a livro. Mesmo um escritor com uma longa carreira pode ter uma produção irregular, devido a mudanças de percepção operadas ao longo da vida, que deixarão marcas na sua obra.

Ts&Ts – Qual a sua opinião em relação à idéia de que o thriller seria uma literatura “menor”?

LEM – Eu sou da opinião de que as pessoas têm o direito de manifestar seus pontos de vista livremente. Existe, de fato, essa crença de que, não só o thriller, mas toda a literatura de entretenimento constitui um gênero menor. É uma crença um tanto subjetiva, como tudo relacionado à arte, mas devemos respeitá-la, ainda que não estejamos de acordo. Minha dica aos que escrevem thrillers é: não dêem muita importância a isso, inclusive porque é uma luta perdida. Escrevam pensando no seu trabalho e, quando muito, nos seus leitores. Evitem antever eventuais críticas negativas, porque isso asfixia o processo criativo e ainda pode levar a uma paranóia. Todo escritor recebe críticas e não conheço nenhum que seja unanimidade, mesmo entre os canônicos. Faz parte do jogo. Portanto, o melhor a fazer é deixar que falem o que quiserem. E agir como Nelson Rodrigues, que dizia: “se os fatos estão contra mim, pior para os fatos”.

Ts&Ts – Está trabalhando em algum livro novo neste momento? Tem algum lançamento em vista?

LEM – Estou trabalhando em dois livros simultaneamente. Além disso, tenho um thriller inédito pronto, chamado O véu, mas confesso que não estou com muita pressa em publicá-lo. Desde 2007 venho me dedicando mais à literatura juvenil, por se tratar de um ramo novo e fascinante na minha carreira e que tem demandado muito a minha atenção. Neste momento, por exemplo, estou lançando, pela Ática, meu terceiro thriller para o público jovem, O rubi do Planalto Central. Por conta disso, deixei temporariamente as narrativas adultas meio que em banho-maria. Quando eu sentir que minha literatura juvenil está mais consolidada, voltarei aos adultos e buscarei conciliar essas duas vertentes. Talvez aconteça ainda este ano, talvez no ano que vem. Vamos ver.

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Na próxima segunda-feira, o Textos & Thrillers entrevista
JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS

segunda-feira, junho 01, 2009

Textos & Thrillers entrevista IVAN SANT'ANNA

Flavia Andrade

Ivan Sant'Anna estreou na literatura em 1995 com RAPINA, thriller que tem como cenário o mercado financeiro, que o escritor conheceu de dentro, como operador, e do qual se desligou na década de 90, aos 54 anos, para se dedicar exclusivamente à literatura. Fez bem. Autor versátil e de estilo direto, bem na linha dos escritores americanos, Ivan publicou livros sobre diferentes assuntos, incluindo um sobre os atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, e outro sobre o assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes, no metrô de Londres, sem esquecer, é claro, os thrillers.

E é exatamente num thriller que Ivan Sant'Anna está trabalhando neste momento. Uma história passada na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, que o escritor conheceu pessoalmente numa visita de dois meses feita no ano passado. Foi lá, na parte antiga da cidade paquistanesa de Lahore, que ele posou para a foto que ilustra essa entrevista. O livro deverá ser lançado até o final de 2009. (
Entrevista concedida por e-mail, do Rio de Janeiro)

Textos & Thrillers – Por que a opção por escrever thrillers?

Ivan Sant’Anna – Na verdade, eu não fiz essa opção de saída. Os mercadores da noite, primeiro livro que escrevi, e segundo que publiquei, foi se tornando thriller ao longo da narrativa. O mesmo aconteceu com Rapina, segundo escrito e primeiro publicado. Escrevi com a intenção de denunciar as falcatruas do mercado financeiro e virou thriller. Deve ser algum mal congênito meu.

Ts&Ts – Como se deu o começo da sua carreira literária?

IS – Até 1993, eu não escrevia nem carta. Mas um dia sentei numa cadeira da varanda de meu apartamento e comecei a rabiscar Os mercadores da noite. Nos dois anos que se seguiram, me apaixonei pela história. Por fim, na tarde do dia 30 de abril de 1995, me levantei na sala de operações do banco onde trabalhava e disse: "Nunca mais volto aqui!". E não voltei mesmo. Eu tinha 54 anos de idade.

Ts&Ts – O thriller não possui tradição na literatura em língua portuguesa e só recentemente escritores brasileiros e portugueses passaram a se dedicar ao gênero. Na sua opinião, o thriller tem chances de se firmar concretamente dentro da literatura em português ou está condenado a ser eternamente visto como uma imitação da literatura anglo-saxã, onde ele é mais forte? Que elementos diferenciariam um thriller americano de um thriller brasileiro, por exemplo?

IS – Não gosto de teorizar sobre nada, muito menos sobre literatura. Mas no caso dos meus livros, eles não diferem nada do thrillers americanos. A idéia é a de que o leitor não consiga parar de ler.

Ts&Ts – Qual a sua opinião em relação à idéia de que o thriller seria uma literatura “menor”?

IS – É uma literatura de entertainment. Para a pessoa curtir ao final de um dia cansativo de trabalho, em um fim de semana chuvoso ou na sala de embarque de um aeroporto. Se isso significa "menor", que seja.

Ts&Ts – Está trabalhando em algum livro novo neste momento? Tem algum lançamento em vista?

IS – Com certeza. Estou escrevendo uma história ambientada na fronteira do Paquistão com o Afeganistão. No final do ano passado viajei para lá e fiquei dois meses. É uma espécie de thriller romântico, a história de Stella Ackerley, uma correspondente de guerra britânica que saiu da minha cabeça e pela qual me apaixonei. O texto final será entregue à editora no dia 25 de julho e deverá estar nas livrarias em outubro ou novembro.


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Na próxima segunda-feira, o Textos & Thrillers entrevista
LUIS EDUARDO MATTA

segunda-feira, maio 25, 2009

Como se pronuncia "thriller" em português?

Neste mês de junho, o TEXTOS & THRILLERS reservou uma novidade super especial para os amantes da literatura de mistério e suspense: uma série de entrevistas com quatro dos principais escritores de thrillers em língua portuguesa: Ivan Sant'Anna, Luis Eduardo Matta, José Rodrigues dos Santos e Pedro Drummond.

As perguntas formuladas foram praticamente as mesmas para os quatro autores, que falaram sobre suas carreiras, sobre a decisão de escrever thrillers e sobre o espaço do thriller numa literatura ― a de língua portuguesa ― onde o gênero não construiu uma tradição e onde, ainda hoje, é tido pela crítica acadêmica como literatura de segunda categoria.

As entrevistas serão publicadas sempre às segundas-feiras na ordem abaixo, obedecendo a um sorteio feito pelos membros do Ts&Ts:

01/06 - IVAN SANT'ANNA, autor de Os mercadores da noite e de Rapina
08/06 - LUIS EDUARDO MATTA, autor de 120 horas e de Ira implacável - Indícios de uma conspiração
15/06 - JOSÉ RODRIGUES DOS SANTOS, autor de O Códex 632 e de A fórmula de Deus
22/06 - PEDRO DRUMMOND, autor de
Lemniscata - O enigma do Rio


No segundo semestre, o blog retomará a divulgação de livros, mas num formato diferente, mais simplificado e enxuto. Quem viver, verá.

Saudações da Flavia Andrade e de todos os Ts&Ts!

segunda-feira, maio 18, 2009

MUSEU, de Véronique Roy

Ciência, filosofia, religião. O tripé que rege uma série de questões e dúvidas da Humanidade, sendo muitas vezes motivo de polêmica, ganhou vida na literatura cinematográfica da roteirista e arquivista francesa Véronique Roy.

No Museu Nacional de História Natural de Paris, eminentes cientistas encontram-se sob forte agitação: um meteorito anterior à criação do nosso sistema solar pode ser a prova da origem extraterrestre da vida na Terra. Ressurgem antigas controvérsias. Seria o homem o produto acidental da evolução ou o fruto de um “desígnio superior”, isto é, a criação de Deus?

Para passar as coisas a limpo, o diretor do Museu recorre a dois especialistas: o paleontólogo e geólogo norte-americano Peter Osmond, ateu convicto e ferrenho opositor da tese criacionista, e o italiano Marcello Magnani, astrofísico enviado pelo Vaticano. A intrépida conservadora do Museu, Léopoldine Devaire, preocupada com o repentino desaparecimento de um baú no interior da instituição, ajudará os dois em seus trabalhos.

Entretanto, logo após sua chegada, Peter Osmond faz uma descoberta macabra: a bióloga Anita Elberg é encontrada num aposento escuro pavorosamente dissecada. A polícia francesa abre as investigações, mas não avança no caso. E, pior: durante sete dias, outros assassinatos não param de se suceder. Osmond, Magnani e Léopoldine decidem se unir para descobrir a verdade e pôr um fim nos atos bárbaros que têm abalado a instituição.

Livro: MUSEU
Autor: VÉRONIQUE ROY
Editora: Bertrand Brasil
1ª Edição (2008)
Páginas: 378
ISBN: 9788528613568


Comentários de alguns dos Ts&Ts sobre MUSEU:

Martina Memory: Confesso que não entendi o porquê deste livro ter sido tão incensado e elogiado, inclusive (como, aliás, virou moda) com comparações absurdas com Dan Brown. A ponto do Le Parisien ter tido o topete de afirmar que Museu contém MAIS brilhantismo do que O Código da Vinci. Para começar o livro não tem um centésimo do ritmo dos thrillers de Dan Brown. Além disso, a história é muito confusa, entupida de debates chatíssimos sobre Ciência, Religião, Darwin, etc, com personagens insípidos e um final ridículo, que encerra uma trama agonizante, presunçosa e sem nexo. Por que Véronique Roy, nesse livro de estréia, não escreveu uma obra de não-ficção falando do Museu Nacional de História Natural de Paris e dos embates entre criacionistas e darwinistas? Para que se meter a escrever um thriller?

W@L: O tema de Museu é muito interessante e atual. Sem contar que é sempre bom ler thrillers escritos por escritores de fora dos Estados Unidos e Inglaterra. Mas ele podia ter sido mais bem desenvolvido. Para começar, há personagens demais e suspense de menos. Os crimes cometidos ao longo da trama não chegam a chocar como o esperado; quando muito, dão uma sensação de que a autora apelou, tentando criar uma atmosfera de terror macabro, sem conseguir. Dos personagens, gostei da dupla Peter Osmond - padre Marcello Magnani e achei engraçado o interrogatório do mal-humorado professor Servan. As descrições do Museu de História Natural de Paris e as várias explicações sobre fatos históricos e científicos são interessantes, dá para sentir que a escritora realmente sabe do que está falando, mas isso não basta para criar um thriller de verdade. Os personagens precisam de mais alma, o suspense precisa ser mais elaborado e o final, menos previsível (descobri quem era o assassino na metade do livro).

Beta Langdon: A leitura de Museu não engana: a gente logo vê que é a obra de estréia de uma autora sem intimidade com thrillers. O livro é arrastado, em nenhum momento pinta um clima de suspense (há algumas tentativas, todas fracassadas) e a gente até perde o interesse de descobrir a identidade do assassino, o que é uma coisa imperdoável num romance de mistério. A "conspiração" que Véronique Roy monta envolvendo cientistas e criacionistas fanáticos não é forte o suficiente para sustentar o livro. Diversos fios da trama ficam soltos, como o caso do meteorito e os personagens em excesso atrapalham demais o núcleo de protagonistas, formado por Peter Osmond, padre Magnani e Léopoldine Devaire. Osmond tem momentos engraçados, é um personagem simpático que podia ter sido melhor trabalhado. Léopoldine é uma heroína sem tempero e sem carisma. Não chega a existir um duelo de fato entre Religião e Ciência, como a sinopse do livro sugere e o anunciado "horror que não conhece limites" não é nada mais que uma sequencia de crimes apelativos contra personagens apagados ou antipáticos com quem o leitor pouco se importa. De positivo, pode-se dizer que o livro é muito bem escrito (ou traduzido), os cenários são bem apresentados e a trama é inteligente e instrutiva. Mas faltou emoção e um conflito realmente forte que mobilizasse o leitor.

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